07/08/2024 Ascom PEAC/OSR

Em meio às canções que permeiam as lutas das comunidades e povos tradicionais de Sergipe, iniciou-se o segundo dia do V Seminário para o Controle Social dos Royalties de Sergipe. O auditório principal foi tomado por danças e sons de percussão que chamaram a atenção de todos ao centro do evento. Esse momento de interação e reconhecimento entre lutas foi percebido, sobretudo, no acolhimento dado aos convidados que compuseram os quatro grupos de discussão na programação de ontem (7).

As atividades aconteceram paralelamente durante todo o dia e a metodologia dividiu o público em grupos rotativos que permitiram aos participantes o contato com os temas abordados. No primeiro espaço de discussão estiveram presentes a dirigente do Movimento Indígena e Camponês de Cotopaxi (Equador), Cristina Chisaguano, e o biólogo e ativista comunitário equatoriano Patricio Meza.

A apresentação sócio-histórica dos dois convidados foi norteada pelo tema "Resistência Indígena e Camponesa ao Extrativismo Predatório no Equador", na qual expuseram as lutas contra a instalação da mineradora canadense La Plata em seu território, as repressões violentas do Estado Equatoriano e as vitórias obtidas através da organização popular.

A troca de experiências e de articulações políticas nesse primeiro grupo foi fundamental para compreender a proximidade das pautas vivenciadas por comunidades tradicionais latino-americanas. Entre as perguntas e as falas de reconhecimento dos membros, o ativista Patricio Meza enfatizou que "somente com a organização é que poderemos avançar".

O segundo grupo, intitulado "Crimes da Indústria do Petróleo: Cinco Anos do Crime do Petróleo nas Marés do Nordeste", foi composto por Cristiane Vieira, coordenadora do Movimento das Marisqueiras de Sergipe (MMS) e Daniela Bento,  representante do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP).

Ao explicar sobre a produção de petróleo dentro e fora do Brasil, as convidadas relembraram o ano de 2019 e a “lama tóxica” que atingiu diversas comunidades da pesca. Daniela Bento remontou com as marisqueiras e pescadores presentes, as primeiras horas do derramamento de óleo. “O que vocês estavam fazendo no exato momento em que descobriram essa tragédia?”

No terceiro grupo de discussão, o pesquisador Felipe Ferreira, integrante do projeto “De Olho na Cefem” - que analisa a destinação da Compensação Financeira pela Exploração Mineral em alguns estados brasileiros - trouxe ao centro do debate, as metodologias de trabalho que realiza em municípios no Pará, para verificar onde estão sendo investidos os recursos oriundos da exploração de minérios. Com o tema  “Controle Social das Rendas do Petróleo e da Mineração: Quais os Caminhos Possíveis?”, a exposição de Ferreira despertou interesse das comunidades que fazem parte do Observatório Social dos Royalties, sobretudo do município Pirambu.

Já Jefferson Choma, pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (USP), conduziu o quarto grupo a partir de uma pergunta feita por muitas pessoas: “O que está acontecendo com o nosso planeta?”. A emergência climática e os desastres ambientais extremos foram temas recorrentes durante as discussões desse grupo.

Ao final do Seminário, houve uma plenária em que os convidados compartilharam as impressões pessoais acerca dos dois dias de atividades  e a noite foi marcada por uma roda de música, palavras de afirmação e despedidas que já anseiam por um novo encontro.